Na linha, do outro lado, estava o Ministério Público, o médico de algum hospital ou a Defensoria Pública. Assim, muitas vezes a população carente e de baixa instrução não tinha a quem recorrer que não fosse a igreja ou, curiosamente, o cartório de Maria Amélia. Cartorária na cidade por mais de meio século, ficou conhecida por prestar um papel de assistente social a quem não sabia como buscar seus direitos. Deu aulas ao retornar, mas aos 30 o marido Sebastião assumiu a titularidade do cartório do 1º Ofício de Notas e Registro de Imóveis e ela entrou como tabeliã substituta. Fez ainda um trabalho de preservação documental no cartório comparável ao de um museu —nos arquivos há até escrituras de compra e venda de escravos no século 19.
Source: Folha de S.Paulo October 06, 2018 05:23 UTC